HISTÓRIA

Existem relatos que as primeiras formas de transmissão de mensagens na China foram feitas através de nós em cordas. Já, as formas escritas foram encontradas em fosseis gravados com escritas na dinastia 商朝 Shang (1766 a.C – 1123 a.C).



Foram somente séculos mais tarde, durante a dinastia 漢朝 Han (206 a.C – 211 d.C) que ocorreu uma padronização dos ideogramas. A escrita chinesa passou então para a história como a escrita de Han (nome da dinastia vigente). Em chinês 漢字 hanzi e no Japão passou a se chamar Kanji.

Porém muitas mudanças ocorreram desde seus primitivos pictogramas, que eram representações desenhadas mais fieis, a forma atual. Na maioria, os caracteres atuais são versões simplificadas dos originais. Com a simplificação, sua fase primitiva foi se perdendo e as escritas ganharam mais simetria e menos traços foram  empregados, passando ao estágio da simbolicidade. Ainda hoje, podemos encontrar essa relação icônica em muitos caracteres, porém, a maioria perdeu muito de sua característica, tornando-se irreconhecível em relação a forma original.


INTRODUÇÃO NO JAPÃO

Existem muitas teorias sobre a introdução dos caracteres chineses no Japão, mas, o mais provável e que por volta do século V, religiosos e místicos que foram para o Japão, trouxeram consigo diversos textos que estavam em Chinês. Em primeiro momento, foram lidos como tal, porém, ao passar do tempo e com o incentivo à difusão do budismo pelo príncipe 聖徳 Shotoku no século VI, foi desenvolvido um sistema conhecido como 漢文 Kanbun. Esse sistema usava sinais diacríticos nos textos chineses para possibilitar aos falantes do Japonês lê-los de acordo com as regras da gramática deles, que até então, não possuía forma escrita.

Surgiu também um sistema de escrita chamado 万葉仮名 Manyôgana que usava um limitado número de caracteres chineses baseados em sua pronúncia, ao invés de seu significado. O nome Manyōgana vem de 万葉集 Manyōshū, um poema japonês do período Nara.

O Manyôgana escrito em estilo curvilíneo se tornou Hiragana, um sistema de escrita que era acessível às mulheres (que na época não recebiam educação superior).

O silabário Katakana emergiu por um caminho paralelo, onde estudantes de monastério simplificaram Manyôgana a um único elemento constituinte. Desta forma os dois outros sistemas de escrita que ficou conhecido como 送り仮名 Okurigana (Hiragana e Katakana) referidos coletivamente como "Kana", são, na verdade, provenientes do Kanji.



Há seis categorias de formação pictográficas do Kanji, que passaram por várias mudanças até chegarem as formas atuais, como combinação ou consolidação de caracteres diferentes, emparelhando significado e pronúncia. Essas seis categorias são chamadas de 六書 Rikusho.

象形 Shokei são caracteres originados de desenhos ou imagens.

指事 Shiji são caracteres originados de símbolos devido à dificuldade de serem expressos através de desenhos ou imagens.

会意 Kai'i são caracteres originados de outras combinações já existentes.

形声 Keisei são caracteres originados de um elemento que representa um certo objeto e um outro elemento representando sua fonética.

転注 Tenchû existem várias explicações para essa categoria e uma delas diz que alterando um caractere puro ou juntando-se com outro se deu origem a um novo caractere.

仮借 Kashaku essa é a categoria em que a pronúncia é de maior prioridade do que o significado. Também é usado para palavras importadas.



Leituras

A homofonia (mesma pronúncia para palavras com significados diferentes) e homografia (mesma escrita para significados diferentes) são uma das características dominantes na língua japonesa. Há também casos de homonímia (mesma escrita, mesma pronúncia e significados diferentes).

Por exemplo, o verbo Kakeru pode ser escrito com os seguintes Kanji:

欠 : senhorita

翔 : voar, planar

掛 : pendurar, enganchar, suspender

駈 : galopar, correr, avançar

賭 : jogar, apostar

缺 : brecha, falta

闕 : palácio imperial

Como vimos, existem vários verbos Kakeru, todos escritos com ideogramas distintos, mas com muitos significados diferentes.

Devido à maneira que os caracteres Kanji foram adotados no Japão, um único Kanji pode ser usado para escrever uma ou mais palavras diferentes (ou, na maioria dos casos, morfemas). Pelo ponto de vista do leitor, é dito que os Kanji apresentam uma ou mais "leituras" diferentes. A escolha da leitura depende do contexto, significado pretendido, uso em compostos, e até a localização na frase. Alguns Kanji apresentam 10 ou mais leituras possíveis. Essas leituras são normalmente categorizadas como Onyômi ou Kunyômi.

Onyômi (leitura Chinesa)


音読み Onyômi ou somente On é a leitura sino-japonesa que tem uma aproximação da pronúncia chinesa do caractere na época em que ele foi introduzido no Japão. Como alguns Kanji foram introduzidos várias vezes, em épocas diferentes e vindo de distintas regiões da China, podem existir múltiplos Onyômi e às vezes múltiplos significados.

Por exemplo: 納 (resolver) pode ser lido em Onyômi como: Nou, Natsu, Na, Nan, Tou ou em Kunyômi como: Osa.meru, - osa.meru, Osa.maru働 (trabalho) pode ser lido em Onyômi como: Dou, Ryuku, Riki, Roku, Ryoku ou em Kunyômi como: Hatara.ku 由 (por tanto) pode ser lido em Onyômi como Yu, Yuu, Yui ou Kunyômi como: Yoshi, Yo.ru

O uso da leitura Onyômi ocorre principalmente em palavras compostas de múltiplos Kanji (熟語 Jukugo), muitas das quais são o resultado da adoção (juntamente com o próprio Kanji) de palavras chinesas para conceitos que não existiam na língua japonesa da época. Esse processo é comparável ao empréstimo de palavras de origem latina pelo português.

Kunyômi (leitura Japonesa)


A leitura Kunyômi (訓読み) ou somente Kun é a leitura nativa, que baseia-se na pronúncia de uma palavra originariamente japonesa, ou Yamatokotoba (大和言葉). Essa se aproximava do significado do caractere Chinês na época em que este foi introduzido. Assim como o Onyômi, pode haver várias leituras Kunyômi para um mesmo Kanji, ou até mesmo nenhuma.

Por exemplo: o Kanji 東 (Leste) apresenta Onyômi "Tô". Mas, já existiam duas palavras na língua japonesa para Leste: Higashi e Azuma. Desse modo, ao caractere 東 foram adicionadas essas duas pronúncias.

Já o Kanji 寸 (Sun), que denota uma unidade de medida chinesa (aproximadamente 3cm), não tinha nenhum equivalente na língua japonesa, por isso tem apenas uma leitura Onyômi.

Mesmo palavras com conceitos similares, como:

Leste (東) = Higashi (leitura Kun) e Tou (leitura On)

Norte (北) = Kita (leitura Kun) e Hoku (leitura On)

Nordeste (東北) = Touhoku e não Higashigita (que seria a união das duas leituras Kun).

A principal regra para determinar a leitura e pronúncia de um Kanji em um determinado contexto é que o Kanji aparecendo em compostos são normalmente lidos usando o Onyômi. Esses compostos são chamados 熟語 Jukugo em japonês. Por exemplo, 情報 Jôhô "informação", 学校 Gakkô "escola", e 新幹線 Shinkansen "trem-bala", todos seguem este padrão.

Os Kanji que aparecem isolados, ou seja, escritos adjacentes a Kana somente, não a outros Kanji são normalmente lidos usando seu Kunyômi. Juntos ao seu Okurigana, caso o possuam, eles normalmente funcionam como um substantivo ou como um verbo ou adjetivo flexionados.

Por exemplo: 月 Tsuki (lua), 情け Nasake (simpatia), 赤い Akai  (vermelho) (adj), 新しい Atarashii (novo), 見る Miru (ver).

Há um terceiro tipo de leitura, na qual os Kanji são lidos pelo significado conjunto, ignorando-se as pronúncias "On" e "Kun" de cada um deles isoladamente.

Por exemplo, os caracteres para escrever a palavra "adulto" é 大人, que consiste dos Kanji:

大 (grande) Dai, Tai (On) e Oo-, Oo.kii, -Oo.ini (Kun) e 人 (pessoa) Jin, Nin (On) e Hito, -ri, -to (Kun). Com isso, poderíamos concluir que a leitura poderia ser "Daijin" ou "Oohito" das leituras "On" e "Kun", mas não, pois a palavra japonesa para adulto é "Otona".

Um outro exemplo é 明後日 (Myôgonichi), que consiste de 明 Myou (amanhã) + 後 Go (depois) + 日Nichi (dia), ou seja "dia depois de amanhã". Mas, o composto também pode ser lido como "Asatte", que significa "depois de amanhã" mas não está relacionado às pronúncias dos Kanji individuais.

Apesar de existirem Kanji para quase todas as palavras da língua japonesa, muitas vezes não é comum escrever certas palavras em Kanji. Isso se deve ao fato do Kanji daquela palavra ser muito complicado para o uso corriqueiro, ou quando a palavra é de uso tão comum que já se tornou mais prático sempre escrevê-la em Kana.

Por exemplo, os pronomes これ Kore (isto), それ Sore (isso), あれ Are (aquilo) todos têm Kanji correspondentes (此れ, れ其, 彼れ), mas, quase nunca são utilizados. O mesmo ocorre com verbos de uso freqüente como ある (Aru) e いる (Iru), cujos Kanji são, respectivamente 有る (ter) e 居る (ser). A maioria das preposições e muitos advérbios são escritos em Kana, apesar de terem Kanji.

Nanori (leitura de nomes)

名乗り Nanori são leituras especificas para um Kanji usadas principalmente em nomes Japoneses. Uma boa parte dos caracteres Kanji tem, além das duas leituras (On, Kun), sua pronuncia relativo a nomes, mas, alguns caracteres são especiais porque só ocorrem em nomes, tal como o nome 彰 Akira, Nozomi. Porém, existem casos de caracteres que são usados para representar um nome, mas, não tem sua leitura Nanori, como 緑 Midori. As leituras Nanori também podem ser usadas junto com outras leituras, tais como em 飯田 Iida. Aqui, o Nanori de 飯 (I, Ii, Iri, E) e a leitura 訓読み Kunyômi de 田 (Ta) foram usadas juntas. Freqüentemente, o Nanori de um Kanji está relacionado com seu significado.

* Se você estiver vendo caixas, sinais de interrogação ou letras sem sentido, do tipo Mojibake, é porque você não tem o suporte necessário para visualizar caracteres da Ásia Oriental. Leia mais sobre no Link abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ajuda:Suporte_multilingue_%28%C3%81sia_Oriental%29
 
 
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