自然行雲流水
SHIZEN GYÔ UN RYÛ SUI
Literalmente pode ser traduzido como: “O fluxo natural da água para as nuvens” e é um conceito que envolve muitas interpretações.
Primeiramente podemos entender como o ciclo dos elementos na natureza. A chuva cai sobre o solo, escorre para os rios e mares. Com a elevação da temperatura ela se evapora e volta para as nuvens, então sopradas pelo vento se locomove e volta a chover em outro local e ocasião. Reparamos aí a aparição dos elementos da natureza conhecido como Godai ou cinco manifestações.
Em analogia com os conceitos físicos e psíquicos na pratica marcial, aprendemos que nossas atitudes e movimentos são como o ciclo da natureza, onde estamos em constante mutação. Quando entendido e absorvido esses sentimentos, podemos perceber claramente nos movimentos e atitudes de um artista marcial a fluidez, naturalidade e potencialidade.
Assim como na natureza, esses elementos interagem sem nenhum conflito, desgaste ou desequilíbrio. Da mesma maneira devemos buscar essa capacidade de alcançar um corpo livre de bloqueios e atitudes artificiais. Para conseguir essa capacidade, necessitamos enfatizar um princípio fundamental chamado “Consciência corporal”, mas, para isso é necessário termos uma atitude mental que possa nos levar a uma aproximação ou intimidade como nossa fisicalidade.
De uma maneira mais compreensível, podemos dizer que o conceito “Shizen Gyô Un Ryû Sui” pode ser entendido como alcançar um estado de organização corpórea, onde não haja desperdiço de força ou movimento, e no qual a capacidade física não será dependente de uma ou outra aptidão pessoal.
Com um caráter mais cientifico, a Cinesiologia seria o campo moderno para compreender essas forças que atuam sobre o corpo humano e como manipulá-las para que o desempenho físico possa ser melhorado e as lesões possam ser prevenidas.
Gosto de interpretar esse conceito como: “Alcançar uma harmonia entre o movimento e força”, ou um sinergismo corpóreo.
A pesar de as Artes Marciais terem nascidas da necessidade de uma pessoa mais fraca derrotar uma mais forte, não devemos alimentar o julgamento de que nela a força física não é usada. A força é inerente a qualquer ação corpórea, até mesmo para andar ou respirar. No entanto, o que devemos reaver é o uso excessivo ou desperdício da mesma.
Quando iniciamos na pratica marcial, o vigor juvenil é latente e desperdício de energia não parece problema, mas, isso não é verdade! Quando desde cedo aprendermos a economizar nossos movimentos e energia, estaremos educando nosso corpo e atitude para uma prolongada atividade marcial. Isso porque, ao envelhecermos nosso vigor físico decai e com isso nossa capacidade será visivelmente abalada. Mas, ao desenvolver desde cedo essa organização corpórea, estaremos preparando o corpo para continuar em atividade até na velhice.