熨斗 NOSHI
Na cultura japonesa moderna, o 熨斗 Noshi, que significa estirado, é um elemento decorativo preso a presentes somente relacionado a eventos alegres, como casamentos, nascimentos e outros acontecimentos congratulatórios como graduação ou promoção, como um símbolo de sorte, nunca usado em funerais ou cerimônias de enterro.
A fixação do Noshi a presentes antigamente foi um costume japonês, que de acordo com alguns historiadores é usado desde o século XII. É relatado que a palavra Noshi é oriunda do termo 熨斗鮑/蚫 Noshiawabi, que sugere ter sido tiras de Awabi ou um espécime de molusco, semelhante ao marisco com tamanho bem maior, secas ao sol. Provavelmente, conforme pesquisas, também foram usadas outras carnes frescas de pescado. De acordo com alguns investigadores do folclore japonês, a razão de fixar um Noshi era simbolizar a imunidade a coisas más, mostrando as boas intenções do remetente do presente. No passado, os japoneses raramente comeram produtos animais e até mesmo os evitaram em ocasiões tristes. Alimentos de origem animal eram associados com os eventos felizes, e como representantes, foram fixados Noshi-awabi, indicando a benevolência deles. Também, há uma lenda que refere o Awabi como capaz de provê mocidade eterna e longevidade, possivelmente um reforço a ascensão deste costume.
Com passar do tempo, as tiras de carnes ficaram menos proeminente, e na cultura japonesa moderna, uma tira estreita de papel amarelo foi usada, no lugar, para simbolizar as tiras de Awabi e ficou conhecido como 熨斗紙 Noshigami (Noshi de papel). Outros casos, um pedaço de papel com o caractere "Noshi" escrito em Hiragana era usado. É sabido que às vezes a tira de papel era substituída com flores sazonais ou agulhas píneas. Mas, a pesar das pessoas no Japão hoje nunca deixarem de anexar um Noshi ao presente para apresentar alguém, o conhecimento de sua origem e significado original do Noshi é pouco conhecido pela maioria.
Um Noshi típico é composto de um pedaço estreito de papel amarelo, algumas vezes usado o dourado, envolvido por um papel dupla-face, branco e vermelho dobrado de modo especial em forma de um hexágono e chamado de 折り熨斗 Orinoshi. Tradicionalmente o Noshi era dobrado a partir de dois papeis retângulos, um branco e outro vermelho, de forma que parecesse uma única folha. Também o uso de apenas um papel branco é relatado em documentos, quando eram oferecidos aos deuses, representando a pureza. No entanto, muitas outras formas foram desenvolvidas e são usadas atualmente.
O Noshi, quase sempre, é envolvido por um tipo especial de nó chamado 水引 Mizuhiki. O Mizuhiki é a arte de amarrar corda em um elemento decorativo. No Japão, o Noshi assim como o Mizuhiki fixado em um presente confere sorte e auspiciosidade. O Noshi é fixado junto com uma tira de papel ou com um Mizuhiki.
Os cordões Mizuhiki são feitos de papel Washi (papel de arroz) torcidos e tratadas com uma pasta aguada ou engomados até endurecem ("mizu" significa água). Uma tintura é acrescentada à água para dar a cor aos cordões. As cores clássicas eram branco, vermelho, dourado, preto, entre outras, e as cores juntamente com o método de amarrar têm significado simbólico.
Por exemplo: Dourado e prateado significa um evento de categoria alta.
Pode ser amarrados para formar nós ornamentais ou esculturas dimensionais. Também foi usado em acessórios como ornamentos de cabelo, um exemplo era o 元結い Motoyui, usado pelos Samurai para fixar seu 髻 Tabusa (rabo de cavalo). No entanto a função primária do Mizuhiki, usado no Noshi, era para embelezar e impedir de abri-lo.
Atualmente foram criadas várias formas de Mizuhiki e sua decoração tradicional, conforme a ocasião japonesa, como casamentos, nascimentos e funerais levam formas diferentes. Foram criados diferentes animais como tartaruga, grous, sapos, peixes, dragões, cada qual com seu distinto significado.
Veja sobre: Documentário sobre o MIZUHIKIIZUHIKI
Pessoas como 山中共古 Yamanaka Kyoko (1850-1928), investigador notável de folclore e objetos antigos foi possivelmente um interessado pelo Noshi, pois escreveu a obra 長鮑集 Chôhôshû, que consiste em quatro livros, cada com aproximadamente 30 folhas e com mais de 400 Noshi apresentados em desenhos. É acreditado que a obra completa tenha sido finalizada pelo próprio Kyoko e isso pode ser visto em uma nota ao término de um dos livros que sugere que estes foram completados em um dia quente de agosto no ano de 1914.
Uma obra mais recente é de 功 本多 Isao Honda, um Origamista que descreve em seu livro “Noshi: Classic Origami in Japan” as muitas maneiras de dobrar um Noshi.
Aprenda a dobrar um Noshi aqui.
Aprenda a amarrar um Mizuhiki aqui.