NASCEMOS OU FOMOS PLANTADOS?

 

Nascemos ou fomos plantados?

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Existem teorias aos montes, cuja origem remonta às mais antigas religiões e associações de estudos, que afirmam ser o homem oriundo de experimentos mal sucedidos neste planeta.

Não é minha intenção justificar umas ou outras, mas sim usar um pouco de razão e análise para saber se há algum bom senso nessas afirmações. As análises são feitas com o uso do pensamento e do conjunto de informações obtidas de conhecimentos gerais e amplos, destituídas de preconceitos. Não cito nomes nem livros, eu pesquisei e concluí sem precisar ser convencido, de forma que qualquer indivíduo pode e deve pesquisar livremente e concluir por si mesmo.

Parte-se do princípio de que, com ou sem religião, uma criação foi realizada. Vinda ou não de um deus prolífico, ou mesmo tendo surgido de concepção espontânea, no berço das probabilidades ocasionais e em tempo e local propício.

De fato, o que existe, assim o é porque está existindo, independente das percepções humanas. Pode existir tudo aquilo que foi criado ou que surgiu de qualquer maneira.

É natural do humano acreditar naquilo que sente, pois há uma ligação entre os objetos e as sensações. Essa ligação é inata e está localizada nos sentidos. Como os sentidos estão, por sua vez, localizados no corpo, tudo aquilo que pode ser experimentado pelo corpo é evidenciado como existente, a começar pelo próprio ser que experimenta.

A premissa de que a existência de tudo está ligada a experimentação humana torna dificultosa a aceitação de que possa existir algo não experimentável. Pior ainda é a motivação secular em acreditar na soberania do humano sobre tudo. Essa exacerbação de importância leva a acreditar falsamente que não pode haver, em lugar ou tempo, algo que seja mais inteligente. Daí a idéia encerrada na mente de que o humano é o único capaz de raciocinar com grande inteligência, pois tudo existe para o uso e experimento do homem.

Maior malefício é afirmar que a criação tem as feições do todo-poderoso criador. Isso sim sedimentou a certeza de que é impossível haver ser mais inteligente (ou mesmo menos inteligente em outros orbes).

Se esse preconceito for retirado pela razão e bom senso, o caminho estará aberto para recepção e entendimento. Uma vez aceita tal transição, pode-se continuar a leitura até seu final e, somente ao final, tirar as próprias conclusões. Se não tem tal capacidade não está pronto para continuar a leitura.

A afirmação principal é de que todo ser vivo deste planeta evoluiu dentro dos padrões geológicos e biológicos, em sincronia perfeita com as transformações resultantes dos fenômenos físicos internos e externos na Terra, no Sistema Solar, e assim por diante. Chamando os fenômenos de catástrofes ou transformações, espécies surgiram ou desapareceram totalmente sem afetar de forma artificial o equilíbrio do habitat. A resultante de uma transformação (ou catástrofe) natural era outra transformação e adaptação natural.

Primeiro no mar, depois na terra, e depois no ar, e por final de volta ao mar, espalhou-se a vida com as sucessivas adaptações, com ou sem catástrofes, com surgimentos e desaparecimentos, mas de forma naturalmente adaptativa.

Se há alguma dúvida sobre o equilíbrio evolutivo, basta analisar o ambiente marinho, onde a perfeição da existência está demonstrada na cadeia alimentar. Em ilhas desertas o equilíbrio natural também é demonstrado pela cadeia alimentar. Pássaros em quantidades lá existentes comem insetos e frutas impedindo a explosão da população de insetos e multiplicando a vegetação. Essas frutas surgem na estação adequada para servir de alimento dos pássaros e cada tipo de fruta serve a um fim: melhor plumagem no inverno, plumagem mais colorida na primavera. A vegetação cresce na estação certa e no tempo certo serve de alimento e moradia aos pássaros que espalham as sementes depois de ingeri-las. Serpentes se alimentam de filhotes de pássaros, por esse motivo a fêmea põe vários ovos por ninhada. As serpentes são caçadas por animais maiores, imunes aos venenos. Esses animais maiores quando morrem, ou mesmo vivos, servem de alimento aos insetos.

Tudo no planeta, o clima principalmente, realiza um trabalho cíclico equilibrado e mesmo quando ocorrem transformações, elas dão chance ao reequilíbrio através de readaptação.

Há um entretanto que propõe uma questão a ser ponderada no que se refere ao equilíbrio da vida no planeta. É a colocação do humano na vida da Terra.

Como foi usada a cadeia alimentar para analisar o perfeito equilíbrio na coexistência dos seres, continuemos com esse caminho para analisar a coexistência do homem com os seres da cadeia alimentar.

Primeiramente no mar, observamos que a lei da sobrevivência tem seus aspectos definidos como sendo: “o mais forte abocanha o mais fraco”. Essa é a idéia simplória, mas serve de partida mesmo omitindo os detalhes de mimetismo, camuflagem, etc. Onde colocamos o homem na cadeia alimentar marinha?

O humano dotado de criatividade quase extinguiu baleias. São necessárias leis para que camarões e sardinhas não deixem de existir. Praias, rios e lagos foram degradados e tornados mortos para os seres marinhos e se tornaram habitat de ratos e baratas.

Então coloquemos o humano na cadeia alimentar na terra. A criatividade intelectiva do homem, que o faz capaz de caçar, colher e coletar cada vez em volume maior, não o faz capaz de replantar no mesmo ritmo. Tigres, rinocerontes, preguiças quase extintos. Outras espécies já se foram. Galináceos criados com anabolizantes cancerígenos. Vegetais mutados. Doenças multiplicadas e mais nocivas produzidas direta ou indiretamente.

O ar é a desgraça mais ampla. Irrespirável em muitas cidades. Emissão de gases, vazamentos industriais, vazamentos radioativos. Aquecimento gradativo devido à diminuição da camada de ozônio. Guerras químicas. Desmatamentos descontrolados.

Então, o que se pode afirmar a respeito da colocação do homem? Onde ele se encaixa? Desde sua formação como sociedade, que se procedeu em virtude da inteligência, iniciou-se a degeneração do planeta.

Nada desse procedimento destrutivo tem a ver com mal ou bem. Nada disso tem a ver com religiosidade, deve-se somente à própria existência do homem. Basta ele existir para desequilibrar. Toda essa motivação destrutiva leva ao ponto em questão de que o homem não se encaixa na vida regular deste planeta.

Crenças antigas, algumas até mais religiosas ou filosóficas, afirmam que o humano foi trazido e “plantado” como experiência para que germinasse e evoluísse na Terra. Dito dessa forma pode-se acreditar que a experiência ainda não deu certa e mais: nessa velocidade destrutiva a sala de aula vai findar antes de o experimento terminar.

Uma comprovação interpretativa é encontrada na história bíblica, onde o homem foi “criado à imagem do criador”. Basta verificar nos estudos de ufologia e nas doutrinas filosóficas que todos os seres inteligentes de fora da Terra são bípedes e têm semelhança humanóide com proporções pouco variadas.

O aspecto religioso também mostra detalhes do experimento que não deu certo, pelo menos por enquanto. Isso pode ser encontrado no episódio da vinda de Jesus ao encontro da civilização humana. A pauta principal de sua vinda era a remissão de todos os pecados, ou seja, já que a experiência não resultou positiva, o humano deve ser perdoado, afinal o erro foi de quem criou com desacerto. E quando se diz “pecado original da criação”, a interpretação defectiva diz que a criação errada é a nossa por nós mesmos, mas é muito fácil entender que o erro da criação é o erro original, basta tirar o véu do preconceito.

Se os deuses eram ou não astronautas, isso não vem a ser a questão principal, mas se o erro foi colocar algo defeituoso na Terra, isso sim é o principal tópico.

Quer dizer então que não há remédio? Pelo contrário, há remédio para tudo que é vivo, mas o primeiro passo para correção do erro é admiti-lo e um dos grandes defeitos do homem é a falta de humildade.

O humano é dotado de cérebro, razão, raciocínio, mas para chegar à conclusão de algo é preciso iniciar uma introspecção livre de conceitos antecipados que embotam a mente. A existência ou não de um deus não pode interferir no livre arbítrio do homem de pensar livre e tirar suas próprias conclusões. Acredita-se que nem mesmo Deus iria querer limitar o livre arbítrio nesse aspecto.

Identificado o defeito, não se pode mais justificá-lo como sendo exculpável. Se conheço meu defeito não posso mais usá-lo como justificativa para meus erros, e por ação contrária devo corrigi-lo. Contudo, só posso chegar a uma análise clara se desobstruir minhas vias de raciocínio, livrando-me de todos os conceitos ditos como certeza absoluta por organizações e crenças.

Há quanto tempo as crenças que colocam o homem como centro da perfeição universal vem se afirmando? Essas falsas convicções são colocadas dentro do homem e somente ele mesmo pode diluí-las. Viemos sozinhos, voltaremos sozinhos.

RENATO AMARO